Papa Francisco sugere que casais gays poderiam ser abençoados no Vaticano

O Papa Francisco sugeriu que as uniões do mesmo sexo poderiam ser abençoadas, em resposta a um desafio de cinco cardeais conservadores para afirmar as posições da Igreja sobre a homossexualidade. Na segunda-feira (2 de outubro), o Vaticano publicou uma nova carta de Francisco descrevendo que as bênçãos poderiam ser concedidas se não fossem confundidas com o casamento sacramental e que uma união entre pessoas do mesmo sexo não é considerada equivalente a um casamento heterossexual. Reiterou ainda que o matrimônio é a união entre um homem singular e uma mulher. Os sacerdotes devem ter autonomia para avaliar caso a caso se uma “situação” é “moralmente aceitável”. Francisco afirmou que os padres não podem tornar-se juízes “que apenas negam, rejeitam e excluem”, mas sim os padres são encorajados a usar a “caridade pastoral”. Francisco acrescentou: “Como tal, a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de bênção, solicitadas por uma ou várias pessoas, que não transmitam uma ideia errada de matrimónio. Porque quando alguém busca uma bênção, está pedindo ajuda a Deus.” Apesar do abrandamento da posição sobre a bênção dos casamentos homossexuais, o Vaticano ainda defende que o casamento é a união entre um homem e uma mulher singulares e, portanto, opôs-se ao casamento homossexual. A carta de Francisco sugere uma inversão geral na posição do departamento doutrinário do Vaticano, que delineou em 2021 que a Igreja não poderia abençoar as uniões homossexuais porque “Deus não pode abençoar o pecado” e posteriormente proibiu as bênçãos para casais do mesmo sexo. Desde a sua nomeação como Papa em 2013, Francisco tem mantido uma posição complexa sobre os direitos LGBTQIA+. Ele afirmou que “atos homossexuais” são pecaminosos, embora rejeite veementemente a ideia de que a homossexualidade é um crime. Embora “defenda os ensinamentos católicos sobre os direitos LGBTQ+”, ele demonstrou algum progresso no alcance da Igreja às pessoas queer. O momento da divulgação da carta, escrita em julho, é significativo. Acontece no momento em que os cinco cardeais conservadores reenviaram as suas perguntas originais que desafiavam Francisco a afirmar o ensino sobre os gays e a ordenação de mulheres, entre outros temas. Eles supostamente consideraram a resposta original de Francisco insatisfatória e exigiram uma resposta de “sim” ou “não”. Os cardeais tornaram públicas as suas perguntas reestruturadas dois dias antes de um sínodo de três semanas no Vaticano, onde um ponto de discussão são os cristãos LGBTQIA+ e o seu lugar na Igreja. O Vaticano respondeu e divulgou a carta original de Francisco enviada aos cinco cardeais. O anúncio da possibilidade de uma bênção dos sindicatos foi recebido com elogios provisórios e sugere “avanços significativos” para o relacionamento das pessoas LGBTQIA+ e o Vaticano pelo diretor executivo do New Ways Ministry, Francis DeBernardo, cujo trabalho defende os católicos LGBTQIA+. Numa declaração, ele disse: “Embora a última declaração do Vaticano sobre casais do mesmo sexo não forneça um endosso completo e sonoro à bênção das suas uniões, o documento avança significativamente o trabalho do Papa Francisco para incluir e afirmar as pessoas LGBTQ+. “A permissão para os ministros pastorais abençoarem casais do mesmo sexo implica que a Igreja reconhece de facto que o amor santo pode existir entre casais do mesmo sexo, e o amor destes casais reflecte o amor de Deus”, disse DeBernardo num comunicado. “Esses reconhecimentos, embora não sejam exatamente o que os católicos LGBTQ+ desejariam, são um enorme avanço em direção a uma igualdade mais plena e abrangente. “Esta declaração é uma grande gota para quebrar as costas do camelo do tratamento marginalizado que as pessoas LGBTQ+ vivenciam na Igreja.” A informação é do GayTimes --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/radiolgbtmixx/messageBecome a supporter of this podcast: https://www.spreaker.com/podcast/radio-lgbt-mix--6118428/support.