Kriolish quer levar o crioulo ao mundo

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A Kriolish nasce, em 2019, pelas mãos dos cabo-verdianos Edmar Gonçalves e Suely Neves. A plataforma digital que começa por ser "dicionário urbano" é hoje uma ferramenta indispensável para a população cabo-verdiana/americana que quer aprender o crioulo. Edmar Gonçalves, co-fundador da Kriolish, fala da utilidade da plataforma e dos projectos futuros, nomeadamente as aulas de crioulo on-line. RFI: Como é que surge a ideia de criar o Kriolish?Edmar Gonçalves, co-fundador da Kriolish: O projecto nasce em 2019 e, na altura, a ideia era criar um espaço online, onde todos os falantes de crioulo podem-se entrar, com uma conta cadastrada, e partilhar expressões com valor histórico e nacional. A Kriolish começou por ser um "diccionário urbano" para partilhar a diversidade da nossa língua.Que utilidade tem esta plataforma para a diáspora cabo-verdiana?O que observamos é que as pessoas procuram um nível de conexão com as raízes e as expressões que encontram no nosso website dão-lhe acesso à cultura cabo-verdiana. Recentemente, lançamos o "translaition", um dicionário de traduções de inglês para o crioulo, uma ferramenta para a população cabo-verdiana/americana que quer aprender o crioulo.Quem é que vos procura e contribuiu com essas expressões crioulas?São os nativos de Cabo Verde, aqueles que falam crioulo desde a nascença. Todavia, as pessoas que pesquisam as expressões [ no website] são do mundo inteiro. Quando analisamos as visitas que são feitas ao site, apercebemo-nos que temos visitantes da Holanda, de Portugal, do Luxemburgo, de Cabo Verde e dos Estados Unidos.A plataforma tem em conta a existência de várias variantes do crioulo cabo-verdiano, disponibilizando as traduções nas variantes do Barlavento e do Sotavento...Sim, exactamente. Cada ilha tem a sua variante. Então a forma mais eficiente que encontramos, para dar essa ideia de diversidade da nossa língua e, ao mesmo tempo, respondermos aos utentes, foi encontrar uma variante [do Crioulo] mais representativa nas ilhas do Barlavento e outra do Sotavento.A Kriolish também se tem revelado útil para pessoas que ocupam cargos públicos e que procuram envolver-se com a comunidade cabo-verdiana local, Como é feita essa inter-acção?Sem dúvida. Especialmente, na cidade onde eu vivo, em Brockton, no estado do Massachusetts, 70% da população é cabo-verdiana. Então, se a pessoa quer ser eleita tem de interagir com a população local. A forma mais efectiva para chegar a esse público é através do crioulo.A Kriolish quer providenciar esse serviço às pessoas que ocupam cargos públicos, mas também às pessoas que prestam serviços de emergência. É preciso lembrar que nem todos os cabo-verdianos, que residem nos Estados Unidos, falam inglês fluentemente. Essas pessoas também procuram aprender a falar crioulo de forma a prestar os melhores serviços.Têm encontrado algumas dificuldades na implementação deste projecto?Temos muitas ideias, mas a falta de financiamento, por vezes, torna tudo mais difícil. Outra dificuldade é a divulgação do projecto.O vosso objectivo é facilitar o acesso à língua cabo-verdiana?Sim, um  acesso ao crioulo a qualquer hora e de qualquer local no mundo. Por isso, estamos a criar uma plataforma que é de natureza tecnológica. Hoje a tecnologia está presente nas nossas vidas e em todas as actividades. É importante ter uma presença no mundo digital para abrangermos mais pessoas.O facto da língua cabo-verdiana ainda não ser uma língua oficial e de não existir, de facto, uma padronização na escrita do cabo-verdiano, representa alguma dificuldade para as traduções?Um dos pedidos dos utilizadores da nossa plataforma é a tradução do crioulo para o inglês. Nesses casos, a dificuldade reside no facto de não existir um critério único na escrita do crioulo. No entanto, já estamos a pesquisar, mesmo em termos tecnológicos, algumas soluções para resolver esse problema.Outros serviços serão lançados em breve?Vamos lançar aulas on-line. Essas aulas já estão gravadas e  estão disponíveis a qualquer hora e de qualquer lugar.Essas aulas serão gratuitas?Umas serão gratuitas, outras terão de ser pagas. Estamos a trabalhar com professores que já dão aulas de crioulo e essas aulas serão dadas na aplicação Zoom.A Kriolish foi co-fundada por Edmar Gonçalves e Suely Neves. Actualmente, a equipa é composta por cinco pessoas que residem em Cabo Verde e nos Estados Unidos. A ideia, no futuro, é alargar a equipa?Precisamos de mais engenheiros, mais pessoas para trabalhar no marketing e criar novos conteúdos. Outra dificuldade que temos é a falta de informação sobre os nossos utilizadores e precisamos de pesquisar para compreender melhor as necessidades do nosso público-alvo.

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